domingo, 31 de maio de 2009

Eleições do Diretório Central dos Estudantes - Funeso


Não é de hoje que a União da Juventude Socialista está presente nos debates e nas lutas dos estudantes da Fundação de Ensino Superior de Olinda - FUNESO. Faculdade que conta com um histórico virtuoso no que diz respeito a formação de professores, fonoaudiólogos, administradores e enfermeiros.










Pois bem, as lutas da UJS junto com a classe estudantil se concretizou de forma deveras gloriosa em uma histórica eleição do Diretório Central dos Estudantes - DCE da instituição. O dia 19/05/2009 com absoluta certeza ficará registrado na memória de cada estudante que defendeu a chapa "AGORA SÓ FALTA VOCÊ".










A gestão do DCE-FUNESO será dirigida pelo estudante de História Gabriel Ramos, que tocou a campanha eleitoral, debatendo com os estudantes nas salas, nos corredores, nos onibus e nas escadarias da própria faculdade, local que sediou o "comitê" eleitoral da chapa, abrigando um vendaval de idéias e propostas criadas pelos demais integrantes da chapa "AGORA SÓ FALTA VOCÊ".










Foi de uma virtuose ímpar o discurso político expressado pelo grupo, mantendo um diálogo amplo e ao mesmo tempo objetivo. Relacionando a Crise Econômica Mundial, junto a Crise Econômica que passa a propria Instituição, somando ainda com as demandas expressadas pelos estudantes. E nesses dias de campanhas, onde o fecundo debate entre os estudantes, expressou em uma votação expressiva.










Assim a UJS/OLINDA apoiando a chapa: "AGORA SÓ FALTA VOCÊ", presenciou uma série de vitórias em TODAS as urnas da Funeso, totalizando uma diferença de mais de 400 votos em relação as votos obtidos pela chapa concorrente.










Podemos afirmar que a Vitória do Movimento Estudantil da Funeso está nas mãos da nova gestão do DCE/FUNESO - 2009/2010 que será marcada pela construção de um elo grandioso entre a UNE/UEP/DCE com todos os estudantes de tal instituição de Ensino Superior.












NOTÍCIA PUBLICADA NO SITE DA UJS:





Sex, 29/05/09 19h01



A chapa "Agora Só Falta Você", ampla aliança encabeçada pela UJS e vencedora do Congresso da UEP, ganhou também as eleições do DCE da Fundação de Ensino Superior de Olinda (PE). Num total de 1126 eleitores, a chapa conquistou 781 votos contra 329 da oponente "O tempo Não Para", ligada às correntes petistas Mudança e Articulação de Esquerda.

sábado, 30 de maio de 2009

Manifesto da UJS

1. Nos bancos das escolas e universidades, no cotidiano do trabalho das fábricas e repartições, nas periferias, no duro ofício de lavrar a terra, nas praças, ruas, palcos, quartéis, campos, praias e festas dizemos: Presente!
2. Somos milhões de faces que dão a cara jovem ao Brasil. Somos socialistas porque, somos jovens e andamos abraçados com o futuro e a busca da felicidade - desejos que são diariamente frustrados nessa sociedade capitalista que não tem perspectiva e só nos oferece a desilusão e a exploração.
"Há tempos são os jovens que adoecem" [Legião Urbana]
3. Aqui no Brasil somos discriminados e postos de escanteio. Amargamos o não aproveitamento do melhor de nossa criatividade e energia na imensa fila dos desempregados. A placa de "NÃO HÁ VAGAS" é a senha de nossa exclusão e marginalização. Somos milhões que não têm acesso às universidades ou a nenhuma forma de ensino profissionalizante. O analfabetismo ainda atinge muitos de nós. Nas escolas e universidades encontramos um ensino elitista, atrasado e conservador, sem investimentos e democracia.
4. Toda a nossa história e a nossa cultura expressadas em incalculáveis prosas e versos, em livros e nas artes, que constituem um fantástico patrimônio cultural, inclusive já encenadas no cinema, teatro e televisão, não são acessíveis a todos. No Brasil, permanece o monopólio dos meios de comunicação, que não permitem a expressão da cultura popular e a propagação de idéias e da pluralidade.
5. Para nós, oferecem o individualismo, a discriminação e a exclusão social. As drogas, além de serem tratadas como crime, são lembradas somente nos telejornais, persistindo a absurda ausência de uma mínima política de Estado capaz de tratar o problema como uma questão de saúde pública, o que acaba somente por enriquecer os capitalistas e o tráfico.
6. Nossas cidades não nos oferecem espaços públicos de esporte e lazer, não temos acesso à mobilidade urbana e ainda enfrentamos graves problemas de moradia. Nas periferias falta segurança pública e a realização de outros direitos fundamentais para o nosso desenvolvimento pleno. A insegurança toma conta dos grandes centros. Esse meio não nos interessa, não nos satisfaz, queremos cidades capazes de incluir a todos sem discriminação de crença, cor, gênero e classe social.
7. Queremos acesso à saúde pública de qualidade e universal. Somente assim combateremos as epidemias e as doenças que atingem a parcela mais necessitada de nosso povo. Não queremos enriquecer a indústria farmacêutica nem o oligopólio dos planos de saúde privada. É preciso investir em saúde preventiva e em qualidade de vida.
8. Nossa sexualidade precisa ser respeitada, livre de dogmas e de visões conservadoras. Não nos oferecem educação sexual nas escolas e não temos acesso a métodos contraconceptivos. São milhares de jovens que enfrentam uma gravidez sem nenhuma proteção e acompanhamento. Por ser tratado como crime e não como problema de saúde pública, o aborto em clínicas de fundo de quintal acaba sendo a única alternativa para interromper uma gravidez precoce e indesejada. Muitos jovens são vitimados pela Aids, por falta de informações e meios de prevenção. No Brasil, a sexualidade é banalizada e reproduz o machismo e a homofobia.
9. Nosso meio ambiente é vítima da insanidade capitalista que o degrada, polui e destrói. O Brasil do futuro depende do equilíbrio entre o desenvolvimento e a preservação das nossas riquezas naturais.
"Quem quer manter a ordem?" [Titãs]
10. Os donos do poder afirmam que vivemos uma democracia porque temos eleições. Escondem que as regras dessa ordem só servem para os que têm poder financeiro.
11. Essa democracia nos discrimina não nos ouve e não nos serve. Somos considerados o futuro e, no presente, não temos espaço para opinar, participar e decidir. Mesmo esta falsa democracia cada vez mais é atacada e limitada.
12. A violência nos persegue o tempo todo. Muitos dos nossos nos ferem ou se matam em disputa entre gangues, ou são espancados pelos próprios pais.
13. Outros recebem uma bala perdida ou são vítimas de assalto ou perseguição. No capitalismo não temos paz.
14. Nossa liberdade é extremamente vigiada e reprimida. As elites e os meios de comunicação discriminam o negro, tratando-o como escravo "moderno" e deformando sua história. Às mulheres não dão igualdade de direito e não entendem sua realidade e suas diferenças. A homossexualidade é tratada como doença e não como livre orientação sexual. Preconceito e discriminação são as marcas do nosso tempo.
"Que país é este?" [Legião Urbana]
15. Com um povo criativo, num vasto território e riqueza de fazer inveja, nosso gigante viveu por séculos ajoelhado. O Brasil ainda precisa avançar na sua independência em relação aos países imperialistas, em especial os Estados Unidos.
16. O que move a chamada globalização é a busca do lucro, o desejo de acabar com a soberania dos países, explorar seus trabalhadores, destruir suas culturas e anexar suas riquezas. Conduzido neste rumo em décadas de submissão, nosso Brasil viu sua bandeira pisoteada, sua independência destruída e seu futuro comprometido.
"Quero ver quem paga pra gente ficar assim" [Cazuza]
17. Nossa história está marcada pelo atraso e pela subordinação extrema. Portugal, Inglaterra e Estados Unidos, foram eles, ao longo do tempo, que promoveram a escravidão, a monocultura, o atraso industrial, o desenvolvimento dependente e, mais recentemente, a tentativa de desindustrialização e da transformação do nosso em mercado de bugiganga.
18. Mas não foram eles os únicos responsáveis por esta triste história e pelo rumo atual. Os latifundiários, praga secular do nosso país, sempre sustentaram este rumo através da violência e do coronelismo político.
19. A chamada burguesia brasileira, incompetente e adepta do projeto imperialista, em sua maioria, sempre se subordinou aos interesses de seus patrões e de seus subordinados externos. O capital financeiro aqui já surgiu ligado aos grupos monopolistas estrangeiros.
"Homem primata, capitalismo selvagem" [Titãs]
20. Se o capitalismo em nosso país é trágico para o povo, no mundo não é diferente. Em sua fúria exploratória tenta fazer do mundo inteiro um vasto campo para sua ganância. Proprietários da tecnologia fazem suas mercadorias e capitais percorrerem o mundo com velocidade. Trilhões de dólares circulam nos sistemas financeiros como nuvens por todo o globo, vivendo somente da especulação e do roubo.
21. Globalizado o capitalismo, globalizada a exclusão capitalista, que arrasta milhões para a miséria, as doenças, a fome e a morte. Globalizado o capitalismo, globalizado o caráter desumano, cruel e ineficiente. Globalizada a necessidade de superá-lo, de pôr fim nesta barbárie "moderna"."
... carro alegre, cheio de gente contente..." [Pablo Milanés]
22. Assim é a história: a juventude e os povos do mundo não se calam diante do caos capitalista. Em todos os continentes se levantam vozes e punhos contra o capitalismo e seus males. Exigem direitos sociais, defendem seu país, sua liberdade e assim, de dedo em riste, encaram o capitalismo, negador dos seus anseios.
"Mas eu não sou as coisas e me revolto" [Carlos Drummond de Andrade]
23. A história do capitalismo é também a história de resistência à exploração e de defesa de outra sociedade. Esta luta gerou em 1848, pelas mãos dos jovens alemães, Karl Marx e Friedrich Engels, o Manifesto do Partido Comunista, programa básico de luta contra o capitalismo e em defesa do Socialismo. Programa que até hoje nos inspira. Em 1917, sob o comando de Lênin e outros revolucionários, o Socialismo provou, na velha Rússia, que o capitalismo não é eterno. Em poucas décadas o Socialismo alterou a face do mundo, levando à construção da União Soviética e à vitória de vários povos do Leste Europeu e da Ásia. Nestas suas primeiras experiências históricas provou que é superior ao capitalismo ao oferecer direitos sociais e uma nova perspectiva de vida para a humanidade, mesmo vivendo sob o constante cerco capitalista. Jamais um país enfrentou tantas agressões. E, ainda assim, foi a URSS que derrotou a agressão nazista, perdendo 22 milhões de patriotas, abrindo uma época de mais direitos sociais, democracia e o fim do colonialismo.
24. No entanto, o povo, força principal da revolução, foi perdendo protagonismo. A democracia e a liberdade foram se reduzindo para os trabalhadores e a juventude. A vida cultural e científica passou a ser tratada com oficialismo, fatores que desarmaram as forças revolucionárias, levando ao fim deste primeiro ciclo socialista na URSS e no Leste Europeu. Mas o tempo não pára. A resistência e a evolução do Socialismo na China, em Cuba, no Vietnã e outros países, junto com a luta dos povos em todo o mundo, abrem caminhos da nova luta pelo Socialismo, em especial na Ásia e na América Latina.
25. Esses reveses, nas primeiras experiências socialistas, revelam erros e mostram a necessidade de aprimorarmos mais seu projeto. A construção do Socialismo está apenas no começo. Hoje perseguimos a edificação de um novo tempo, humanizado, igualitário, que constituirá as bases do Socialismo em nosso século. No Socialismo com a nossa cara, o Brasil experimentará a sua própria experiência, construída a partir da nossa própria história.
"Canta, canta, minha gente / deixa a tristeza pra lá / canta forte, canta alto / que a vida vai melhorar..." [Martinho da Vila]
26. Temos alegria e rebeldia para derrotarmos a face velha e capitalista do Brasil e em seu lugar colocarmos o Socialismo com a nossa cara. O Brasil socialista que queremos terá um poder popular, uma República de trabalhadores que acabará com a exploração e nele haverá a verdadeira liberdade e a mais ampla democracia para o povo e para a juventude.
27. O ser humano, como seu primeiro objetivo, será libertário e criativo, incentivando o conhecimento e a transformação, será justo e igualitário. A terra e as empresas trarão benefícios para todos e não somente para um punhado de capitalistas. O trabalho passará a ser um valor fundamental do desenvolvimento humano. Nosso país socialista se relacionará com o mundo de forma independente, respeitando a autonomia dos outros povos. Romperemos as amarras que nos mantiveram tanto tempo de costas para o nosso continente e finalmente assumiremos nossa identidade latino-americana.
28. Nosso povo, internacionalista, apoiará as lutas de outros povos por um mundo melhor. No Brasil socialista, nós jovens seremos considerados uma força presente e nele conquistaremos o espaço para discutir, participar e decidir sobre nossos interesses e sobre o rumo do país.
"Os meninos e o povo no poder..." [Milton Nascimento e Fernando Brant]
29. Não queremos fórmulas. O nosso Socialismo será verde e amarelo, tocará viola, fará hip-hop, dançará samba e rock. Fará carnaval e jogará futebol. Será construído a partir de nossa realidade e caminhos que nós descortinaremos.
30. Beberá da experiência da história da luta do nosso povo. Terá o vigor dos versos abolicionistas de Castro Alves, a revolta de Zumbi, o desejo de liberdade de Tiradentes, a bravura de Helenira Rezende, de Osvaldão e dos guerrilheiros do Araguaia, o hino democrático das Diretas Já, a cara jovem e pintada do Fora Collor, e a alegria dos que comemoraram a chegada de forças políticas oriundas dos partidos populares e dos movimentos sociais ao governo do país. Guardará a lembrança daqueles que ontem resistiram e hoje resistem ao neoliberalismo e que carregam consigo a bandeira da esperança e a certeza de que o futuro nos pertence.
31. Beberá também da história da nossa América Latina, da vontade de unidade que moveu Bolivar, da revolução camponesa de Zapata, da luta de Sandino, do exemplo de dedicação e combatividade de Ernesto Che Guevara.
32. Nele, conquistaremos emprego digno, ensino público e gratuito, de qualidade, para todos, em todos os níveis. Nele garantiremos acesso à arte produzida em nosso país e no mundo. Lutaremos por uma nova cultura, progressista, popular e brasileira, por incentivos e espaços aos nossos artistas. A ciência e a tecnologia deverão ser desenvolvidas e utilizadas para nossos interesses, não para generalizar desemprego, destruir a natureza ou produzir armas e guerra.
33. Queremos que esporte e lazer façam parte do nosso cotidiano e que tenhamos facilidade para viajar para todos os lugares de nosso país.
34. Os grupos de extermínio terão que acabar e a polícia, ao invés de nos perseguir, vai ter que prender aqueles que destroem a natureza, que roubam o dinheiro do povo, que vendem a droga e promovem a prostituição.
35. Brasileiro, formado pelas várias etnias que se somaram e criaram um povo novo, nosso Socialismo terá de acabar de fato com a discriminação e os preconceitos de toda a espécie. Nele exigiremos direito à saúde, à habitação e ao futuro. A natureza será protegida como será protegido o nosso povo. Nossa infância terá atenção e em vez de viver jogada pelas ruas, terá o direito de brincar e de crescer sorrindo. Ajudaremos a acabar com o analfabetismo e com a ignorância. O povo aprenderá a linguagem dos computadores e da Internet, mas não deixará de lado o seu hábito de diálogo franco e seu contato social permanente. Queremos que TVs, Rádios, Cinemas e todos os meios de comunicação deixem de ser instrumentos de quadrilhas e sirvam aos nossos interesses.
36. Parece utopia, mas é plenamente realizável. Nós transformaremos a face do Brasil. Nunca negamos nossa rebeldia e força para as grandes transformações. A revolução que queremos exige muita luta. Não será obra fácil. De sua edificação terão que participar os trabalhadores do campo e da cidade, a juventude, os artistas e as personalidades populares. A união popular será a arma principal para vencermos. Dela deverão participar os sindicatos, as entidades estudantis e todas as organizações do povo. Os partidos do povo, unidos, deverão também fazer parte de uma ampla frente por uma vida nova.
"O homem coletivo sente a necessidade de lutar" - [Chico Science]
37. É para construir essa vida nova que te convidamos. A solidão não cabe para nós, pois vivemos a luta deste tempo - cruel sim, mas também desafiador. Juntos escreveremos a história desse novo Brasil que desejamos.
38. Aqui, na União da Juventude Socialista, vão se encontrar as bandeiras vermelhas, verde-amarelas e os nossos anseios, nossa rebeldia, nossa solidariedade e a luta diária pelo Socialismo. Não nascemos para o silêncio, nascemos para cantar e viver outra vida, melhor e mais justa. Assim será a república de trabalhadores que ajudaremos a construir. Nela estarão "os meninos e o povo no poder...". Nela estará hasteada bem alta a bandeira do Socialismo e, nas faces, estampada a nossa alegria.

Carta à Juventude Socialista do Século XXI

Ser socialista em pleno século XXI é sem duvida uma forma atrair para si mesmo, uma tarefa árdua e carregada de desafios. Não é pra tanto que esse pensamento ainda sobrevive e chega ao século XXI ainda vivo e manifestando-se em vários cantos do mundo como uma alternativa racional para o destino da humanidade. Sabe-se que o século XX, foi um momento deveras importante para o destino do socialismo mundial. As lutas e as ideologias se intensificaram maciçamente dominando mentes e corações libertárias que gritavam ferozmente contra o regime burguês que o mundo tomava para si como rumo principal. Pois bem, as artérias dos militantes socialistas pulsavam em torno de um só significado: revolução! Toda essa euforia foi bastante significativa, haja vista que, ser a antítese de um mundo capitalista e execrável por natureza era realmente uma incumbência bastante honrosa e principalmente humana.

O século XX representou para a economia mundial um período em que as idéias tomaram corpo e se confrontavam em um duelo quase sempre destrutivo para algum lado. O século passado com absoluta convicção foi o século da arbitrariedade, do individualismo esclarecido, do poder bélico, da ascensão e da queda. Sem mais predicados, e dando continuidade ao raciocínio que aqui exponho, volto a ressaltar que ser socialista não é uma tarefa fácil, nem tampouco um prazer em tempo integral. A bandeira do socialismo carrega entranhada a toda sua ideologia, um grande bojo de sangue, suor e lágrimas. O que poderíamos esperar? A grande Revolução Industrial do século XIX entrega ao mundo um sistema explorador e entranhado de injustiças. O mundo por sua vez, acalanta as idéias burguesas e dá todos os subsídios para que essa criação econômica se incorpore e seja batizada de liberalismo.

O mundo é o grande ventre que gera a história, que por sua vez, é o fator de análise e ponderação de seu tempo. O século XX em seu início, nada mais é que um período em que as nações capitalistas não estão para brincadeira e seguem literalmente as regras do jogo do mercado mundial: produzir muito, obter matéria-prima barata e ampliar cada vez mais os seus mercados consumidores. A competição comercial e armamentista foi iniciada e o mundo presenciou o primeiro conflito mundial de caráter destrutivo.

E assim caminha a humanidade, carregada de transformações e continuidades. Os regimes ditos liberais passaram por uma notável crise econômica e social que abalaria as suas estruturas durante a década de 1930. O mundo por sua vez, passou a almejar por regimes que se expressassem em torno de um Estado forte e regulador, com isso as manifestações do poder geram outra arbitrariedade de caráter desumano e a história é a principal espectadora de mais uma guerra de extremidade incalculável.

Mesmo com todas as lições históricas, o terreno da contemporaneidade ainda foi bastante fértil para o crescimento do capitalismo em detrimento dos ideais socialistas que aos poucos foram se tornando inviáveis aos olhos dos economistas e políticos que decidiam cada vez mais que um Estado forte não era algo sugestivo para as novas regras de mercado que o mundo “necessitava”. Com isso, os principais regimes socialistas passaram a entrar em uma crise significativa tendo em vista as nações capitalistas que cresciam cada vez mais na corrida política do mundo regido por uma bipolarização que já estava com seus dias contados.

O capitalismo chega ao final do século anterior fortalecido pela alcunha do neoliberalismo e das novas regras de mercado via um mundo em processo de globalização. Os mercados regionais passavam a seguir rumo aos grandes blocos econômicos, as elites exploradoras moldavam cada vez mais o mercado mundial tendo em vista as suas aspirações e o socialismo ficava cada vez mais marginalizado e “engolindo seco” as injustiças e desigualdades do mundo.

No Brasil, o século XX representou um período político e econômico bastante polêmico e ao mesmo tempo importante para a nossa breve história nacional. Pois bem, o país passou por diferentes períodos, enfrentou uma transição de ser um país agrário para um país industrializado e urbano. Viu surgir uma nova burguesia urbana e presenciou também o crescimento ainda maior da exploração que o capital ao penetrar nas terras tupiniquins implantou sobre os braços trabalhadores dos campos e das cidades brasileiras. De Vargas a FHC, foi o período em que o campo da esquerda socialista não se rendeu na luta contra o capital explorador, e se manifestou em torno de propostas sociais para resolver as problemáticas brasileiras. Ser militante de esquerda no século XX era carregar consigo uma bandeira histórica que vinha desde as teses marxistas do século anterior. Experiências revolucionárias não faltaram para guiar a luta socialista tanto no Brasil quanto no mundo. No entanto, o que realmente careceu fora um projeto econômico embasado e crítico às regras de mercado que o mundo passava até então. As referencias socialistas ainda estavam ligadas a realidade ou industrial de Marx ou dos regimes autoritários da URSS durante o governo stalinista. O capitalismo não parava de se transformar e infelizmente ser socialista no final do século XX era basicamente: ser e fazer oposição ao regime neoliberal e propor uma nova alternativa cabível a vacância após o suposto fim do regime capitalista. Como obstáculos a essas tarefas nada fáceis, é válido somar que as constantes perseguições e regimes ditatoriais que a esquerda socialista sofria no país de fato dificultavam e muito a concretizações das atribuições básicas de um militante socialista.

Enfim, essa primeira parte pode ter parecido de fato algo enfadonho, no entanto, a meu ver, é fundamental escrever tal manifesto, uma vez que, foi essas e muitas outras histórias que fazem cada vez mais o socialismo existir, uma vez que, antes de está em tribunas e reuniões políticas, o socialismo é algo que reside no coração de cada militante e ser socialista é carregar uma herança que não morre tão facilmente. É carregar a vontade de superar as dificuldades impostas por um sistema explorador, exclusivista e destrutivo por natureza com o sorriso e o olhar da esperança que os dias que estão para vir, o mundo será melhor para todos.